quarta-feira, 2 de janeiro de 2013



De casa ao trabalho, Haddad passará 



por buracos, lixo e moradores de rua





G1 percorreu caminhos do prefeito eleito e levantou alguns dos problemas.
Congestionamento e alagamentos poderão atrasar ida à Prefeitura de SP. 

Paulo Toledo PizaDo G1 São Paulo
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Trajedo de Haddad (Foto: Editoria de Arte/G1)
A partir de janeiro, o novo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, vai percorrer diariamente um trajeto de pouco mais de quatro quilômetros entre sua casa, na Vila Mariana, e o Edifício Matarazzo, sede da administração municipal, no Centro da capital. Nesse caminho, irá encontrar uma pequena amostra dos problemas típicos da maior metrópole do hemisfério Sul, como buracos, pichações, relógios de rua quebrados, moradores de rua e congestionamentos.
G1 percorreu dois itinerários diferentes entre a Rua Afonso de Freitas, onde fica o prédio do prefeito, e o Viaduto do Chá. O primeiro, mais rápido, passa pela Avenida 23 de Maio; o segundo, mais calmo, vai pelas ruas e avenidas do Paraíso e do Bixiga (confira acima os caminhos e os problemas).
Após ida a Brasília, Haddad falou com jornalistas em SP (Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo)Fernando Haddad é novo prefeito paulistano (Foto:
Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Os primeiros problemas com que Haddad irá se deparar são pontos de ônibus depredados, principalmente por pichações, e calçadas irregulares. Presentes até em um bairro nobre como a Vila Mariana, esses "desafios" aparecem em todas as regiões da cidade, principalmente na periferia.
Apesar de a manutenção das calçadas ser obrigação dos proprietários dos imóveis que as possuem, cabe à Prefeitura a fiscalização. De setembro de 2011, quando a nova legislação sobre os passeios foi promulgada (lei municipal 15.442), até 21 de dezembro, foram aplicadas 6.322 multas, segundo a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras. As autuações, cujo valor pode chegar a R$ 300 por metro linear, vão desde a presença de buracos até desobediência ao espaço mínimo para os pedestres (1,20 metro).
Quando estiver mais para o Centro, o prefeito vai encarar o pesadelo de dez entre dez motoristas: os buracos no meio da rua. Com uma frota estimada em cerca de 6,4 milhões de veículos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o pavimento da cidade, assim como a paciência dos motoristas, sofre com o vai-vem constante de carros, motos e ônibus. Além disso, chuvas e obras ajudam a deixar o asfalto como um queijo suíço.
Apesar da situação, a Prefeitura afirma que, desde 2005, investiu cerca de R$ 1 bilhão em recapeamento, pavimentação e capeamento de 2 mil km de ruas e avenidas. Ao todo, mais de 3.550 vias foram atendidas, sendo 1.784 com recapeamento, 206 com capeamento e 1.560 de pavimentação.
Que horas são?
Ao passar pela Rua Treze de Maio, se Haddad estiver sem relógio vai ficar sem saber que horas são. Isso porque lá está um dos diversos relógios de rua quebrados. O problema persiste desde o início de 2010, quando o contrato com a empresa que administrava os totens onde estão instalados os aparelhos expirou e não foi renovado.
Somente em setembro último é que ocorreu a escolha das empresas vencedoras do processo de licitação do novo imobiliário urbano, entre elas a JCDecaux Ameriques, a JCDecaux do Brasil e a Publicrono. A Prefeitura vai receber R$ 68 milhões pela concessão, e estão previstos investimentos de mais de R$ 240 milhões na instalação dos novos aparelhos.
A promessa da Prefeitura é que no início do ano os relógios digitais, desenhados pelos arquitetos Ruy Ohtake e Carlos Bratke, comecem a ser instalados. Serão, no máximo, cem no Centro e, no mínimo, 150 em cada uma das regiões da cidade.
Quando finalmente verificar que horas são e descobrir se está atrasado, o prefeito deverá tentar relaxar, pois o trânsito na região, assim como em grande parte do Centro Expandido, costuma ser intenso desde o início até o fim do dia. Caso opte pela Avenida 23 de Maio, via expressa que liga a Zona Sul ao Centro, precisará contar com a sorte para que nenhum acidente aconteça ou algum carro quebre, fatos que ajudam a prejudicar ainda mais o fluxo.
No percurso até a Prefeitura, Haddad vai encontrar ainda árvores sem poda, cujos galhos encostam em fios de telefonia e de eletricidade. A Secretaria de Coordenação das Subprefeituras informou que, desde 2005 até novembro de 2012, a administração municipal executou mais de 930 mil podas. Apenas até novembro deste ano, foram 106,5 mil árvores podadas.
Lixeiras quebradas ou depredadas também darão dor de cabeça para o novo prefeito. Atualmente, a cidade tem 150 mil cestos, distribuídos conforme a circulação de pessoas. O problema é que, mensalmente, mais de 1.250 lixeiras são danificadas, causando prejuízo de R$ 100 mil.
Resíduos como embalagens de comida e garrafas pet, que acabariam nessas lixeiras, podem terminar na via pública. E se um temporal atingir a cidade, levando esse lixo para as bocas de lobo, o caminho de Haddad até a Prefeitura pode ganhar um novo contratempo: os alagamentos. A região do Vale do Anhangabaú, perto do prédio da Prefeitura, há anos sofre com o problema. Gilberto Kassab anunciou, em janeiro de 2010, a construção de um piscinão lá, mas o projeto não saiu do papel. A obra é uma das promessas contidas no plano de governo de Haddad.
Moradores de rua
Chegando à Prefeitura, Haddad irá se deparar com dezenas de moradores de rua, inclusive em frente ao Edifício Matarazzo. O Censo da População em Situação de Rua na Municipalidade de São Paulo, da Prefeitura e da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), aponta que em 2011 havia na cidade 14.478 moradores de rua.
A maior parte deles se concentrava no Centro (55,3%) e nas zonas Leste (22,3%) e Sul (10,7%). As regiões Norte e Oeste eram as que menos tinham essa população, com, respectivamente, 7,1% e 4,7% cada.
O levantamento aponta que 53% dos paulistanos em situação de rua estavam em centros de acolhida. Caberá a Haddad, agora em seu novo gabinete, lançar políticas públicas que diminuam o sofrimento dessa população, principalmente dos 47% restantes que vivem ao relento.
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