segunda-feira, 15 de outubro de 2012



O Linkin Park é o que restou do nu 




metal, diz Chester Bennington


‘Odeio dizer que somos o legado mais importante, porque somos o único.’
Grupo abre turnê no Brasil neste domingo; leia entrevista com o cantor.

Cauê MuraroDo G1, em São Paulo
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Linkin Park (Foto: Wikimedia Commons)Chester Bennington, cantor do Linkin Park
(Foto: Wikimedia Commons)
O Linkin Park que inicia neste domingo (7), em São Paulo, uma série de quatro shows no Brasil é, na opinião de Chester Bennington, um dos cantores do grupo, “o legado mais importante” do nu metal – subgênero que conheceu o auge de popularidade na primeira metade da década passada. O músico, no entanto, cuida de afastar qualquer vestígio de falta de modéstia ao fazer a constatação, em entrevista ao G1 concedida por telefone. “Odeio dizer isso”, começa ele, para então justificar: “somos o único legado”.
Os “parceiros de cena” do sexteto – que tem à frente o também vocalista Mike Shinoda, responsável pelas passagens de hip hop; a Bennington cabem, essencialmente, as melodias vocais e o grito – podem seguir em atividade, mas sem a notoriedade do passado. Livremente, sem o rigor de apontar quem é pioneiro ou quem se associou posteriormente ao estilo, podem-se citar Korn, Limp Bizkit, Deftones, Slipknot.
E o Linkin Park, cujo álbum de estreia, “Hybrid Theory” (2000), rendeu hits como “One step closer”, “Crawling” e “In the end”. Vendeu muito, a exemplo de seu sucessor, “Meteora” (2003). Os dois trabalhos seguintes, “Minutes to midnight” (2007) e “A thousand suns” (2010), são marcados por algum “experimentalismo”, segundo avaliação de Bennington.
Finalmente, veio “Living things” (2012), mote da atual turnê. “Trouxemos elementos de nosso estilo antigo – que algumas pessoas consideram ‘o Linkin Park clássico’”, observou o vocalista. Ele se refere à volta da “mistura de hip hop com rock e eletrônico – e isso, numa mesma canção”. Na conversa, Bennington explica o que significa essa “volta às raízes”. Também fala que o resultado do último amistoso entre as seleções de futebol do Brasil e dos Estados Unidos é que determinou o número de shows desta nova excursão por aqui. Leia, a seguir, os principais trechos.

G1 – Ouvi dizer que vocês decidiram fazer três shows no Brasil porque a seleção brasileira venceu a dos Estados Unidos por 4 x 1 num amistoso em maio passado. É verdade mesmo?
Chester Bennington –
 Sim, absolutamente: nós dissemos que faríamos um show para cada gol que o Brasil marcasse.
Alguns caras da banda curtem futebol, eu me tornei um deles ao longo dos últimos anos, porque temos viajado muito pelo mundo e fiquei mais em contato com o esporte, realmente desenvolvi um grande respeito pelo fato de ser tão difícil de jogar."
Chester Bennington, vocalista do Linkin Park
G1 – Vocês são realmente fãs de futebol? Porque também ouvi dizer que os caras da banda acham que o Brasil tem o melhor time do mundo, então comecei a pensar: “Eles até podem gostar de futebol, mas na verdade não entendem muito do jogo, já que o Brasil não tem mais o melhor time, que é a Espanha, nem o melhor jogador, que é o Messi...”.
Chester Bennington –
 O Brasil tem um time muito bom, e poderia ser melhor. Mas, ao mesmo tempo, a Espanha está dominando. Alguns caras da banda curtem futebol, eu me tornei um deles ao longo dos últimos anos, porque temos viajado muito pelo mundo e fiquei mais em contato com o esporte, realmente desenvolvi um grande respeito pelo fato de ser tão difícil de jogar. Fiquei muito interessado porque é totalmente baseado na defesa. Agora eu entendo muito melhor o esporte e como a estratégia de defesa tem de ser boa. Mas o Dave, o Phoenix [David Farrell, baixista], é o cara da banda que sabe mais de futebol e pratica, então ele seria o cara na banda para se falar no assunto.

G1 – Você pretende assistir a algum jogo no estádio enquanto estiver no Brasil?
Chester Bennington –
 Provavelmente não. Vou estar focado nos shows – e descansar entre eles, porque vão durar realmente muito (risos). Não é fácil, sabe, tocar por noventa e tantos minutos e, no dia seguinte, ficar gritando no estádio durante um jogo de futebol. Tenho de pensar nos nossos fãs.

G1 – Vamos agora falar sobre a turnê, de fato. Acha que o Linkin Park é obrigado a tocar nos shows os sucessos antigos, como “In the end”, “Numb”, “Crawling” e “Faint”?
Chester Bennington –
 Eu, definitivamente, não sinto que somos forçados a tocá-los. Nós tocaríamos qualquer coisa que quiséssemos. E também realmente sabemos que são músicas que as pessoas amam, que são músicas que elas querem nos ouvir tocar. Respeitamos isso e curtimos compartilhar com os fãs. Vamos tocar “In the end”, “Faint”, “One step closer”, “Breaking the habit”, “Somewhere I belong”… Essas são canções que fazem as pessoas perderem a cabeça. É engraçado, não somos obrigados a tocá-las ou não, mas é incrível. Não está relacionado com o que queremos tocar ou com o que gostamos de tocar – queremos mostrar ao vivo o melhor show possível, e isso inclui fazer os fãs felizes. Tem umas 15 músicas que sabemos que devemos tocar e vão estar no set, e também há aquelas que nós queremos tocar, incluindo as novas. Tem umas seis do disco novo que tocamos ao vivo.
Linkin Park (Foto: Divulgação)A banda americana Linkin Park (Foto: Divulgação)
G1 – Quais são as suas lembranças daquela época do início da carreira?
Chester Bennington –
 Eu me lembro de cair na estrada e tocar de graça. Não esperávamos alcançar o sucesso que alcançamos. É algo que você pode até querer – fazer músicas e um monte de gente gostar delas –, mas não se pode esperar. Foi como um foguete. Tem sido muito empolgante, o fato de que continuamos desafiando a nós mesmos a cada disco, mantendo as coisas “frescas”, fazendo novos fãs – e perdendo fãs. É fantástico fazer parte de algo como o Linkin Park. É uma coisa rara.

G1 – Qual o legado mais importante daquela geração do nu metal?
Chester Bennington –
 Acho que somos os únicos que restaram. E eu nem mesmo nos considero parte daquilo. [Nu metal] É parte do que somos. Acho que o fato de bandas de rock usarem com acerto elementos do hip hop é o legado mais importante. Você pode criar um novo estilo de música, e isso é algo muito difícil de fazer. Não é sempre que se faz um gênero inteiramente novo. Fazer parte disso é muito legal, uma honra. Mas, ao mesmo tempo, acredito que sejamos a única banda que restou desse gênero. Odeio dizer que o Linkin Park é o legado mais importante, porque somos o único legado.
Acredito que sejamos a única banda que restou desse gênero [nu metal]. Odeio dizer que o Linkin Park é o legado mais importante, porque somos o único legado."
Chester Bennington, vocalista do Linkin Park
G1 – Recentemente, o Linkin Park se tornou a primeira banda de rock a ultrapassar a marca de 1 bilhão de page views em seu canal no YouTube. Esperavam por isso? Quero dizer, o clube do bilhão tem membros como Justin Bieber, Lady Gaga e Rihanna, artistas que fazem música bem diferente do Linkin Park.
Chester Bennington –
 Nós sabemos desse nosso número, mas há muita gente que vê mais de uma vez. Na verdade, para nós seria legal ter todos os esses números alguns anos atrás, quando se contavam apenas os visitantes únicos. Mesmo assim, é muito bom, mostra que o que estamos fazendo – ao manter proximidade dos fãs e criar uma comunidade que se importa Linkin Park – dá certo. É bom ser a primeira banda, e não importa se de rock ou não, a fazer isso [ter a marca do 1 bilhão]. Os outros são artistas solo, é mais fácil para as pessoas se relacionar com uma pessoa do que com seis caras de uma banda.

G1 – Para encerrar, fale sobre o disco mais recente, “Living things”. Li uma entrevista do Mike Shinoda em que ele dizia que vocês, durante a gravação, entraram em contato com suas raízes. Quais seriam essas raízes?
Chester Bennington –
 Acho que neste disco trouxemos uma grande mistura de estilos – estilos diferentes. Nós vínhamos de um caminho realmente experimental, desde “Minutes to midnight” [2007]. Desta vez, fomos ao estúdio para fazer algo com o que estamos realmente confortáveis e em que somos bons, em termos de arranjo e estilo.

Trouxemos elementos de nosso estilo antigo – que algumas pessoas consideram “o Linkin Park clássico” – e incluímos muitas coisas que aprendemos ao fazer nossos dois últimos álbuns [“Minutes to midnight” e “A thousand suns”, de 2010]. “Living things” tem músicas como “In my remains”, “Lost in the echo”, que soam muito familiares ao Linkin Park. E tem músicas como “Castle of glass” e “Until it breaks”… “Castle of glass” é uma música folk que transformamos num rock, e “Until it breaks” soa como se pudesse estar em “A thousand suns”.

Realmente fizemos um bom trabalho planejando tudo isso. Ao falar sobre “raízes”, Mike quis dizer que estávamos de volta à mistura de hip hop com rock e eletrônico – e isso numa mesma canção. “Burn it down” e “Lost in the echo” são músicas que têm passagens de hip hop, de rock, interlúdios... Elas podem ter consideradas o Linkin Park clássico, e acho que era a isso que o Mike se referia.

Linkin Park no Brasil

São PauloDia 7 de outubro, no Anhembi

Rio
Dias 8 e 10 de outubro, no Citibank Hall

Porto Alegre
Dia 12 de outubro, no Gigantinho
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