domingo, 30 de setembro de 2012


Uma outra Inglaterra

A exposição Observadores: fotógrafos da cena britânica desde 1930 até hoje reúne imagens da vida no Reino Unido, assinada por fotógrafos como Cecil Beaton e Wolfgang Tillman

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"Cheeky boy with eye", foto tirada por Shirley Baker em Manchester, norte da Inglaterra, em 1962 (Foto: Divulgação)
Por Soraia Yoshida
Não é a Londres do cartão postal, nem as cidades bucólicas do interior da Inglaterra que aparecem na exposição Observadores: fotógrafos da cena britânica desde 1930 até hoje, que fica em cartaz de 25 de setembro até 25 de novembro em São Paulo. As 240 imagens que se revelam na Galeria de Arte do SESI-SP são uma versão sofisticada do instantâneo de rua, que lado a lado contam a história dos últimos 80 anos no Reino Unido, graças ao olhar agudo e inteligente de fotógrafos como Cecil Beaton, Wolfgang Tillman e Paul Nash.
As imagens que fazem parte do acervo da TATE Gallery, National Portrait Gallery, British Council Collection e Bolton Museum, entre outras instituições, captam o que seria o cidadão comum em sua rotina (ou na sua inexistência), assistindo televisão, andando pela rua, carregando carvão ou bebendo nos pubs. Acompanhando a evolução das imagens, pode-se rever a história britânica, do final dos loucos anos 20 às dificuldades econômicas, o período de tensão que precedeu a II Guerra Mundial, as dificuldades do pós-guerra, a reconstrução da nação, a explosão da juventude nos anos 60, as greves dos anos 70 e 80, o Tatcherismo, a nova economia britânica até chegar a estes tempos de crise financeira globalizada. Está tudo ali, nas entrelinhas, para quem quiser enxergar.
Quem aplicar apenas o olhar curioso, ainda assim irá se surpreender com as imagens, especialmente aquelas em preto-e-branco dos 36 fotógrafos que compõem a exposição. Entre os influentes fotógrafos que assumiram essa postura voyer estão Bill Brandt, Martin Parr, Wolfgang Tillman, George Rodger, Richard Billingham, Derek Ridgers, Tony Ray-Jones, Daniel Meadows, Chris Killip, Paul Nash e Keith Arnatt.
Claro que em tempo de culto às celebridades, os rostos famosos também surgem na mostra. Em particular da Rainha Elizabeth II – que celebrou recentemente 60 anos de reinado. E se houve nessa época um fotógrafo que captou o sorriso de uma jovem Elizabeth em uniforme militar até estrelas como Audrey Hepburn e Greta Garbo, é Cecil Beaton. São dele, aliás, algumas das fotos que a atriz Marilyn Monroe mais gostava. Ao vê-las hoje em sua glória, é fácil entender o porquê.
Observadores: fotógrafos da cena britânica desde 1930 até hoje tem curadoria de João Kulcsár e Martin Caiger-Smith. A exposição teve seu título inspirado no projeto Mass Observation, criado em 1937 pelo antropólogo Tom Harrisson, pelo poeta Charles Madge e pelo cineasta Humphrey Jennings. A proposta foi examinar e documentar de forma antropológica como vivia a classe trabalhadora inglesa. O painel que emerge certamente ajuda a entender como uma nação de proporções contidas foi capaz de se reinventar uma, duas, várias vezes, no último século e, possivelmente, nos anos que ainda estão por vir.
De 25/9 a 25/11, seg. 11h/20h, ter. a sáb. 10h/20h, dom. 10h/19h. Grátis. Galeria de Arte do SESI-SP: Centro Cultural FIESP – Ruth Cardoso, Av. Paulista, 1.313, Paraíso, tel. 3146-7405/7406.

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