terça-feira, 26 de junho de 2012


Restaurantes – O Melhor de São Paulo 2011/2012

  JAPONÊS Kinoshita Carismático, expansivo e com certa ginga carioca, herança dos anos em que morou no Rio de Janeiro, Tsuyoshi Murakami dá um show no salão de seu restaurante. Começa com a recepção calorosa de um sonoro “irashaimase!” (bem-vindo!), e pode até terminar com uma canja do sushiman cantarolando no fim de noite. Mas [...]

O MELHOR DE SÃO PAULO 2011/2012 - FLÁVIA PINHO, SILVANA AZEVEDO. EDIÇÃO RODRIGO PEREIRA http://www.camisasmyway.com.br/


JAPONÊS
Kinoshita
Carismático, expansivo e com certa ginga carioca, herança dos anos em que morou no Rio de Janeiro, Tsuyoshi Murakami dá um show no salão de seu restaurante. Começa com a recepção calorosa de um sonoro “irashaimase!” (bem-vindo!), e pode até terminar com uma canja do sushiman cantarolando no fim de noite. Mas seu melhor desempenho, é claro, dá-se à frente da cozinha. Um jantar no Kinoshita representa quase sempre uma experiência original, até mesmo quando o proprietário atravessa uma fase mais saudosista. “Resolvi reproduzir os pratos que a minha mãe fazia quando eu era criança”, diz. Entre as receitas maternas que entraram recentemente no cardápio está o maguro tororo (R$ 36). Servido numa charmosa panelinha de ferro, reúne arroz koshihikari (uma variedade de grãos pequenos e bem brancos), creme de cará, fatias de atum cru, wasabi fresco e cebolinha picada. Com textura de melado, o creme é produzido adicionando-se ao cará ralado dashi (popular caldo à base de alga kombu e flocos de peixe, fácil de achar à venda, mas que Murakami faz questão de preparar artesanalmente). Apesar do brilho da atual onda nostálgica, a veia criativa do chef segue presente em seus memoráveis sushis e também em pedidos como o shot (ostra com ovas de salmão, ouriço, gema de codorna e molho à base de laranja, para tomar na taça de dry martini em um gole só, R$ 18) e as lâminas de salmão com crocante de legumes, ovas de peixe voador, balsâmico, azeite e limão siciliano (R$ 30). As sobremesas, quase sempre maltratadas pela concorrência, aqui resultam surpreendentes – vide o choco moti, um bolinho de arroz recheado de chocolate Vahlrona – e ajudam o Kinoshita a garantir, pelo segundo ano consecutivo, o título de melhor restaurante japonês.  R. Jacques Félix, 405, Vila Nova Conceição, tel. 3849-6940, restaurantekinoshita.com.br
É o melhor porque
O menu, sempre renovado, navega sem amarras por influências ocidentais e orientais

BALCÃO DE SUSHIS Oito sushimen se revezam na bancada, onde também são preparados os pratos quentes. Foto: Felipe Gombossy/Época SP
Escolha do leitor
SÃO PAULO-TOKYO
Servido no almoço e no jantar, o festival de sushis do restaurante inclui até a sobremesa. A cozinha acerta nas frituras (camarões e lulas empanados) e no tempura – algo raro em rodízios japoneses. R. Borges Lagoa, 1.172, V. Clementino, 5081-6444, saopaulotokyo.com.br
VEGETARIANO
Moinho de Pedra
A proposta da chef Tatiana Cardoso ao inaugurar seu restaurante era ambiciosa: conquistar a fidelidade do público vegetariano e, mais do que isso, derrubar a resistência de quem automaticamente associava a culinária sem carne a uma comida insossa. Passados 17 anos, é evidente que ela conseguiu. Localizado em uma rua sossegada, o charmoso sobrado com 130 lugares fica pequeno na hora do almoço, quase sempre com filas. As receitas mudam diariamente no bufê, que custa R$ 30 durante a semana e R$ 35 aos sábados. Pode-se encontrar, por exemplo, uma atraente torta integral de escarola, queijo branco e peras. Ou o cozido de legumes, grão-de-bico e tâmaras, que já virou marca registrada de Tatiana. Fixas e pagas à parte, as sobremesas têm como ponto alto o iogurte caseiro sob uma generosa calda de frutas vermelhas (R$ 12,80 durante a semana e R$ 16,50 no sábado). R. Francisco de Morais, 227, Chácara Santo Antônio, tel. 5181-0581, moinhodepedrarestaurante.com.br

CONTEMPORÂNEO
D.O.M.
Alex Atala deixou muita gente curiosa quando subiu ao palco em Londres, no dia 18 de abril, para receber o prêmio pela 7º colocação no ranking da revista britânica Restaurant e o dedicou “aos índios que catam formiga para mim”. O inseto, que ele comeu num caldo de tucupi em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, não entra no preparo dos pratos servidos no D.O.M., o único restaurante do Brasil no top ten mundial e considerado por Época SÃO PAULO o melhor contemporâneo pelo terceiro ano consecutivo. Quem consegue ocupar um dos 50 lugares do elegante salão experimenta uma culinária provocante, sobretudo pelo uso de ingredientes corriqueiros que ganham novos contornos mediante as técnicas aplicadas. Seu menu-degustação de quatro (R$ 280) ou oito etapas (R$ 400) pode começar com sardinha marinada em vinagre de garapa com azeitonas, harmonizada com uma taça de espumante rosé e licor de jabuticaba. O chibé (receita indígena) tem na farinha puba trazida do Pará uma nota fermentada muito presente, cuja textura granulada se transforma em perfeito leito para o tenro camarão e minilulas “cozidas” em água com gelo e sal. As gorduchas ostras de Santa Catarina chegam à mesa empanadas com farinha de brioche e envoltas em tapioca hidratada na água do próprio molusco. Na boca, essa porção minimalista se transforma em uma sensação lúdica de bolinhas que se desfazem, cada uma a seu tempo, liberando o frescor do mar evidenciado pelo gosto das ovas de salmão que coroam o prato. Cozida a vácuo por cinco horas, a costelinha ao malbec exibe a crosta caramelada e se revela intensa no sabor, macia em textura e contrasta com a mandioca palha, bem sequinha e crocante. Para encerrar, o chef prepara torta de castanha-do-pará com sorvete de uísque, sobre uma base de chocolate derretido com pimenta, um chuvisco de flor de sal, curry e folhinhas de rúcula – uma mescla ousada de álcool e especiarias pontuada de picância e amargor, que tende a agradar a paladares adultos. O cardápio fixo, com uma compilação de receitas criadas ao longo dos últimos dez anos, se manteve inalterado de 2010 para 2011 por causa da aceitação do público, que ora é surpreendido por ingredientes nunca experimentados e ora se emociona com um gosto que remete ao passado.   R. Barão de Capanema, 549, Jardim Paulista, tel. 3088-0761, domrestaurante.com.br
É o melhor porque
Não há no Brasil um chef como Atala no repertório de sabores e no uso criativo de ingredientes
Escolha do leitor
D.O.M.
COSTELINHA AO MALBEC Carne cozida a vácuo por cinco horas e acompanhada de mandioca palha. Foto: Felipe Gombossy/Época SP

FILÉ AU POIVRE
La Casserole
Temperado com pimenta-do-reino, o filé mignon de aproximadamente 8 centímetros de altura adquire uma casquinha escura e crocante ao ser frito na manteiga. O interior, porém, mantém intactas a suculência e a textura da carne malpassada. Somente quando chega à mesa o corte é coberto por um aveludado molho de carne, mais grãos inteiros de pimenta-verde – esta toma conta do paladar logo à primeira mordida. Criada no século 19 pelo chef Auguste Joliveau, do Café de Paris, a receita do filé au poivre vem sendo reproduzida com fidelidade na cozinha do La Casserole desde a inauguração, 57 anos atrás. Servido na companhia de batatinhas cozidas envoltas em molho de creme de leite fresco, vinho branco e noz-moscada, o filé au poivre (R$ 50,50) do cinquentenário restaurante do Centro dá um apimentado banho na concorrência.  Lgo. do Arouche, 346, República, tel. 3331-6283, lacasserole.com.br

COMFORT FOOD
Amici
Formada pelo Senac e pela escola francesa Lenôtre, a chef Renata Cruz, 28 anos, se valeu menos do conhecimento adquirido nas aulas de gastronomia e mais das próprias memórias afetivas para conceber o cardápio do Amici. Surgido em 2009 na Chácara Santo Antônio, o restaurante se transferiu em maio deste ano para um ponto bem mais agitado, no Itaim. Ali, continua acolhendo a clientela com pratos de raiz caseira e sem invencionices, capazes de despertar saborosas lembranças de infância. Bem temperado com laranja e alecrim, o galeto (R$ 35) chega na companhia de arroz, feijão, farofa e batata bolinha assada. O estrogonofe de filé (R$ 31), por sua vez, vem com arroz branco e batata palha – esta, cortada e frita na casa. Também tem bife à milanesa de casquinha crocante, servido com espaguete sob molho rústico de tomates (R$ 32). Na sobremesa, brigadeiro de colher (R$ 3,50) feito com Nescau e desprovido de qualquer toque gourmet. Trata-se, ao pé da letra, de uma comida que conforta.  R. Araçari, 200, Itaim Bibi, tel. 5641-9110.

BRASILEIRO
Brasil a Gosto
No dia 9 de agosto, entrou em cartaz o 24º festival temático promovido pelo Brasil a Gosto em seus cinco anos de existência – dessa vez, é a culinária tradicional da Paraíba o objeto da homenagem. Não se trata de mera formalidade, um daqueles eventos que outros restaurantes promovem vez ou outra só para constar. Nesses menus temporários, que vigoram por três ou quatro meses, Ana Luiza Trajano,33 anos, exibe o resultado de suas constantes pesquisas gastronômicas pelo território nacional. Por meio delas, a chef recupera ingredientes e preparos muitas vezes desconhecidos por estas bandas. E sempre dá um jeito de imprimir sua marca pessoal às receitas. Para isso, a técnica segura adquirida no curso do Instituto de Culinária Italiana para Estrangeiros, localizado em Costigliole d’Asti, na região do Piemonte, norte da Itália, soma-se a um respeito quase religioso aos hábitos alimentares dos quatro cantos do Brasil. Inquieta, ela aperfeiçoa métodos de cocção, ressalta a riqueza das matérias-primas típicas do país, introduz novidades ousadas e capricha na apresentação brejeiro-chique. No menu paraibano atual, por exemplo, cubinhos de queijo coalho empanados e fritos (R$ 22) transformam-se em petiscos incomuns sob o delicado vinagrete de abacaxi e gengibre. Cozidas a baixa temperatura, majestosas lagostas (R$ 94) chegam em companhia de uma prosaica farofa de arroz vermelho. As lâminas de carne de sol ao sal de coentro (R$ 29, com vinagrete de nata e maxixe, queijo coalho e bolacha de massa folhada) lembram um carpaccio, enquanto o macio lombo de bode cozido no próprio molho (R$ 62, com favas, purê de batata-doce e queijo manteiga) derruba eventuais preconceitos em relação à carne desse animal. De sobremesa, há quebra-queixo (R$ 22, com creme de nata, calda de acerola e crocante de bolacha mata-fome, à base de rapadura e gengibre). No cardápio fixo, até o atolado de bode (R$ 60) ganha status de alta gastronomia – a carne vem guarnecida por mandioca em dois formatos: creme e crocante. Igualmente memorável, o alto filé de pirarucu grelhado (R$ 75) é servido com interior úmido e crosta crocante, sob molho de coco, capim-limão e gengibre, e escoltado por legumes. Graças a essa ampla e original abordagem dos sabores do país que lhe dá nome, o Brasil a Gosto vence pelo segundo ano consecutivo em sua categoria.  R. Professor Azevedo do Amaral, 70, Jardim Paulista, tel. 3086-3565, brasilagosto.com.br
É o melhor porque
a cada dois ou três meses, um novo menu temático propõe uma viagem por sabores do país

A PARAÍBA É AQUI No restaurante, mostra com artesanato e fotos do estado dividem espaço com receitas típicas. Foto: Felipe Gombossy/Época SP
Escolha do leitor
MOCOTÓ
No boteco herdado do pai, o chef Rodrigo Oliveira dá tratamento de alta gastronomia às receitas típicas do Nordeste. A carne de sol cozida a vácuo é uma das razões do salão sempre lotado. Av. Nossa Sra. do Loreto, 1.100, Vila Medeiros, tel. 2951-3056, mocoto.com.br

QUE VALE A VIAGEM
Quinta da Canta
Gasta-se quase uma hora para subir a tortuosa estradinha na Serra da Cantareira – e pelo menos mais três para saborear o banquete preparado pelo proprietário, Sérgio Lima, 66 anos, e por sua mulher, Teresa, 58. Adeptos do movimento slow food, que defende refeições prazerosas e sem pressa, eles adaptaram uma chácara de 5 mil metros quadrados para receber 30 clientes por vez. Fica a 25 quilômetros de São Paulo e abre somente aos sábados e domingos. Inteiramente renovado a cada estação, o menu inclui até 22 de setembro delícias como creme de bacalhau assado com broa portuguesa e lombo de vitela cozido em vinho branco com ameixas. Em dez etapas, sai a R$ 130 por pessoa; na versão resumida, com quatro fases a menos, custa R$ 100.  Al. Bélgica, 325, Serra da Cantareira, Mairiporã, tels. 3331-2882, 9611-1477 e 9688-6712, quintadacanta.com.br

PRATO COM CAMARÃO
Amadeus
Três crustáceos gigantes ao molho de curry com alho-poró e arroz negro compõem o camarão frisson (R$ 92), prato que completou 24 anos em dezembro, junto com o restaurante. Ao longo dessas mais de duas décadas, a receita passou por transformações. Nos anos 1990, por exemplo, trazia quatro crustáceos circundados por uma porção de arroz com açafrão moldado numa forminha. “Ficava tudo amarelo e havia um camarão a mais do que na versão atual porque não tínhamos exemplares tão grandes naquela época”, diz a chef Bella Masano. Coube a ela trocar a guarnição e deixar a receita mais saborosa – e, de quebra, mais bonita. Agora, os tenros camarões-rosa são refogados com curry e alho-poró, flambados no conhaque, entrelaçados num canto do prato e regados com molho. Como acompanhamento, o úmido arroz negro cozido em caldo de camarão cumpre a função de reforçar o sabor do ingrediente principal.  R. Haddock Lobo, 807, Jardim Paulista, tel. 3061-2859, restauranteamadeus.com.br

RESTAURANTE NOVO
Epice
Nascido em Cornélio Procópio e criado em Maringá, no Paraná, Alberto Landgraf, 31 anos, formou-se chef na Inglaterra, na rigorosa Westminster College. Depois, trabalhou nos restaurantes ingleses Gordon Ramsay (três estrelas no Guia Michelin) e Tom Aikens (uma estrela). De volta ao Brasil, comanda desde fins de março o Epice, vencedor na categoria restaurante novo em “O melhor de São Paulo”. Ao contrário do disputado italiano Tre Bicchieri, que venceu na edição passada, o campeão deste ano tem ambiente despretensioso, sem badalação – algo raro, em se tratando de uma casa de cozinha contemporânea. Outra raridade para a categoria: os preços, de R$ 20 a R$ 58, estão dentro do razoável. Landgraf costuma pegar no batente às 7 da matina e só sai do restaurante à 1 da manhã do dia seguinte. Essa rotina pesada resulta em receitas apoiadas numa sólida base francesa, porém com toques autorais. Temperos apurados e combinações harmoniosas também fazem parte do pacote. Dos pães do couvert aos sorvetes e chocolates da sobremesa, tudo é preparado no piso superior do pequeno imóvel. Para compor o salmão defumado (R$ 20), uma entrada, o chef deixa o peixe em uma marinada de sal, açúcar e raspas de laranja e limão, antes de defumá-lo e servi-lo com ovo de gema gelatinosa cozido por 13 minutos no termocirculador. Seu entrecôte (R$ 58) traz o corte cozido a vácuo, para manter o miolo bem rosado, e na companhia de um sensacional purê de batata (depois de assados no forno, os tubérculos são amassados e finalizados com muita manteiga, resultando numa massa com textura de veludo). O recheio da tarte tatin, servida em porção para dois, traz fatias rechonchudas de maçãs sobre uma delicada massa folhada feita na casa.  R. Haddock Lobo, 1.002, Jardim Paulista, tel. 3062-0866.
É o melhor porque
Faz comida contemporânea sem a afetação e os altos preços que caracterizam a especialidade

PORCO O prato vencedor na categoria melhor barriga de porco traz a peça acomodada sobre um leito de grão-de-bico com xerez, chorizo espanhol e páprica. Foto: Codo Meletti/Época SP
Escolha do leitor
RITZ (SHOPPING IGUATEMI)
Segunda filial do badalado Ritz da Alameda Franca, reproduz os estofados vermelhos e a porta giratória da matriz – além de seu célebre hambúrguer.  Shopping Iguatemi: Av. Brigadeiro Faria Lima, 2.232, Jardim Paulistano, tel. 2769-6752.
BARRIGA DE PORCO
Epice
Por trás do nome simples e direto do prato, porco (R$ 38), esconde-se um corte alto e retangular que se exibe em camadas alternadas de carne e gordura, com uma crosta de pururuca salpicada de flor de sal. Trata-se de um pedaço de barriga de porco que demanda cinco dias de preparo. Nesse período, a carne é mergulhada em salmoura com tomilho e alho, depois cozida lentamente em baixa temperatura (ao vinho branco e legumes) e finalmente “esmagada” em uma prensa – o objetivo dessa última etapa é espalhar a gordura por igual, deixando as fibras untuosas, suculentas e macias. Cortada caprichosamente, a peça vem acomodada sobre um leito de grão-de-bico temperado com xerez, chorizo espanhol e páprica. “Entre 2003 e 2004, a barriga de porco já havia virado moda na Europa”, diz o chef Alberto Landgraf, que aprendeu os macetes do preparo da carne enquanto trabalhava no restaurante londrino Gordon Ramsay (detentor de três estrelas no Guia Michelin).  R. Haddock Lobo, 1.002, Jardim Paulista, tel. 3062-0866.

MEZZÉ
Arábia
A chef paulista Leila Youssef Kuczyn-ski, 55 anos, nasceu em Barretos, mas foi criada no Líbano de seus ancestrais, na região do Vale do Bekaa, a 30 quilômetros de Beirute. Ali, a cidade de Zahle é tida como o berço do mezzé, um ritual semelhante à tradição das tapas espanholas, surgido na década de 1940 em restaurantes com mesas ao ar livre às margens do Rio Bardauni. Consiste, basicamente, em forrar a mesa com pequenas porções para serem partilhadas. Desde 1995, Leila recria parte desse ritual em seu restaurante, o Arábia. Por R$ 168, quatro pessoas têm direito a um verdadeiro desfile com 12 iguarias sírio-libanesas: quibe cru temperado com o mix sete pimentas, preparado na casa; porção sequinha de faláfel à base de grão-de-bico e favas; charutinhos de folha de uva; miniquibes com nozes trituradas; salada fatuch com molho de azeite e melaço de romã; salada arábia (alface, escarola, pepino, tomate, rabanete e grandes azeitonas pretas, com molho de azeite e limão); tabule com muita salsinha e pouquíssimo trigo; tigelas generosas de homus, coalhada seca e babaganuch; linguiça síria (de carne bovina) grelhada; e uma cesta com pão árabe fresco e torrado, que vai sendo reposto ao longo da refeição.  R. Haddock Lobo, 1.397, Jardim Paulista, tel. 3061-2203, arabia.com.br

HAMBÚRGUER
210 Diner
Restaurante no estilo casual dining, o 210 Diner tem à frente o chef paulistano Benny Novak (dono também do francês Ici Bistrô, na mesma rua, e do italiano Tappo). O american way of life presente na descontraída decoração deixa a clientela à vontade para dispensar os talheres e devorar com as mãos os melhores hambúrgueres da cidade. Há três versões do sanduíche: clássico (R$ 25, apenas com carne), piggie burger (coberto com costelinha de porco desfiada, R$ 33) e o french burger (com foie gras, lâminas de trufas negras e cebola crocante, R$ 52). Todas elas tem por recheio uma mistura de acém e picanha, moídas no próprio restaurante e modeladas em esferas de 180 gramas. Estas são temperadas com sal, trituradas e douradas no char broiler (grelha a gás). Os hambúrgueres chegam à mesa montados no prato e junto com um dos quatro acompanhamentos que o cliente pode escolher: salada, picles caseiro, batatas fritas sequinhas ou onion rings.  R. Pará, 210, Higienópolis, 3661-1219, 210diner.com.br

TAPA
Torero Valese
Enquanto alguns restaurantes contemporâneos insistem em tratar as tapas como alta gastronomia, cabe a uma casa de cozinha espanhola tradicional, aberta em 2007, o título de melhor lugar para se comer esse tira-gosto. Em ambiente informal, com as sugestões escritas em lousas, o chef Juliano Valese propõe um cardápio de porções para partilhar. Ao contrário do que se vê nos bares da Espanha, onde as tapas ficam prontas, expostas nos balcões, aqui elas são montadas na hora. Prove a chistorra (R$ 35,90), linguiça levemente picante à base de carne suína e páprica em panelinha de ferro com batata. A gamba al ajillo (R$ 59,90, frigideira com sete unidades) é um camarão graúdo, crocante na mordida e macio por dentro, temperado com alho laminado e um toque de pimenta calabresa. Nas noites de quinta a sábado há degustação de tapas (R$ 75,90), servidas no balcão, ao gosto do cliente e à moda do Torero Valese.  Av. Horácio Láfer, 638, tel. 3168-7917, torerovalese.com.br

PRATO COM POLVO
Marcel
Titular da cozinha desde 2007, o jovem Raphael Despirite, 27 anos, notabilizou-se por renovar profundamente, sem prescindir da base clássica francesa, o menu do Marcel – restaurante de 1955, que seu avô, o francês Jean Durand, adquiriu em 1966. O polvo confitado com pimentão doce (R$ 75), que Raphael introduziu no cardápio em fevereiro, é um ótimo exemplo. Na execução do prato, o chef formado pela parisiense École Ritz Escoffier consegue o mais difícil em se tratando desse molusco: evitar que o tentáculo passe do ponto e adquira textura borrachuda. Previamente marinado em sal, pimenta, vinho do porto branco, alecrim e alho, o tentáculo é cozido no forno ao longo de uma hora, a 100 ºC, dentro de farta quantidade de azeite. Depois, ganha a companhia de lâminas ligeiramente adocicadas de pimentão vermelho (também confitado) e de um aveludado purê de batatas cozidas no leite. R. da Consolação, 3.555, Jardim Paulista, tel. 3064-3089,marcelrestaurante.com.br
POLVO CONFITADO O tentáculo chega à mesa com lâminas de pimentão vermelho e um aveludado purê de batata. Foto: Codo Meletti/Época SP

ARROZ-DOCE
Oryza
Num restaurante onde o arroz é a principal matéria-prima, não poderia faltar arroz-doce entre as sobremesas. Os chefs Daniela Amendola e Márcio Silva foram buscar na França a inspiração para o riz au lait do Oryza, disparada a melhor variação do clássico “doce da vovó” servida na cidade. A receita da dupla usa arroz arbóreo como base, associado a métodos de preparo caracaterísticos da cozinha de vanguarda. Primeiro, os grãos italianos são cozidos na Thermomix (aparelho capaz de cozinhar e misturar os alimentos ao mesmo tempo) com leite, fava de baunilha, creme de leite e açúcar. Depois de frio, o arroz recebe mais uma dose de creme de leite fresco batido. Os grãos chegam à mesa com uma textura cremosa, aerada, porém al dente – o que evidencia a perfeição no cozimento. Para coroar, uma densa calda de caramelo temperada com flor de sal vem à parte. A ideia é despejá-la sobre o doce, na medida da gula. R. Mato Grosso, 450, Higienópolis, tel. 3151-4463, oryza.com.br

BUFÊ
Badebec (Shopping Market Place)
Divididas em entradas frias e pratos quentes, 36 receitas compõem o vistoso bufê (R$ 36,20 seg. a sex. no almoço; R$ 39,70 seg. a sáb. no jantar; R$ 49,70 sáb. e dom. no almoço). Entre elas, criações como o tabule de frutas secas e a salada de grãos de cevada com chips de alho-poró. Sim, são deliciosas, mas isso não basta para a restauratrice Lourdes Bottura. No entender dela, a composição certa de cores é o principal fator para despertar o apetite. Assim, não faltam folhas, frutas e até flores comestíveis nas composições sobre as bancadas. Lourdes segue uma fórmula quase científica para que a aparência de frescor não fique comprometida: quando um terço do conteúdo de uma travessa é retirado, o restante volta à cozinha para uma rápida reposição. Tamanho cuidado, algo raro em bufês, garante os 300 clientes que passam por lá todos os dias (230 só no almoço).  Shopping Market Place: Av. Dr. Chucri Zaidan, 902, tel. 5181-0695,badebec.com.br

FRANCÊS
La Brasserie Erick Jacquin
Por trás das persianas de madeira que resguardam a ampla janela da cozinha do La Brasserie, cozinheiros se movimentam rapidamente. Para quem vê do lado de cá do vidro, são apenas oito silhuetas silenciosas. Uma, porém, se destaca das demais. A figura roliça debruçada sobre o balcão, dedicando-se à minuciosa finalização dos pratos, é o chef que dá nome ao restaurante. Aos 45 anos de idade e 15 de Brasil, o francês Erick Jacquin vive uma fase de criatividade intensa – acentuada pelo fato de haver saído, em junho, da sociedade que mantinha no bistrô Le Buteque desde a inauguração, em 2009. Com cabelos um pouco mais longos, barba por fazer e o mesmo temperamento explosivo de sempre, ele tem mexido frequente

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