quinta-feira, 14 de junho de 2012


Baladas – O Melhor de São Paulo 2011/2012

Confira os vencedores na categoria e assista ao vídeo da festa Sem Loção

O MELHOR DE SÃO PAULO 2011/2012 - MÁRCIO CRUZ. EDIÇÃO RODRIGO PEREIRA - 30/08/2011




DEBOCHE E DESCONTRAÇÃO Com clima típico do Carnaval pernambucano, festa nascida em Olinda se aclimatou sem pudores à noite de São Paulo. Foto: Codo Meletti/Época SP
FESTA
Sem Loção
Uma festa que teve início num inferninho de Olinda para comemorar o retorno da DJ Lala K à cidade ganhou uma versão paulistana e virou rapidamente a grande queridinha entre artistas, gays e formadores de opinião. Com frequentadores descolados, mas sem “carão” (gíria para “pose”), a Sem Loção sobressai pelo clima debochado e descontraído, típico do Carnaval pernambucano – em contraste com os códigos sociais vigentes nos clubes de São Paulo. A conexão incomum se deu pelas mãos do produtor Emmanuel Souto Villar, que costumava frequentar a balada quando ela já havia se mudado para Recife (em outubro de 2008), onde ocupa até hoje o Francis Drink’s, endereço ícone da geração manguebeat. Em São Paulo, foram oito edições em um ano (a primeira ocorreu em agosto de 2010), sete delas no módico e inusitado Lumi’s Club. Sem periodicidade definida, em geral com intervalos de aproximadamente 40 a 50 dias, o antigo teatro do Bixiga recebe gente na faixa dos 30 anos e com muita vontade de “se jogar”. A cabine do DJ fica no palco dos fundos, que acomoda também um lounge improvisado com sofás para convidados vips, como os estilistas Fause Haten e Valério Araújo. Mas a maior parte dos famosos – a atriz Alice Braga, a apresentadora Kika Martinez e o jornalista Xico Sá, entre outros – prefere circular livremente pela pista, dançando junto do resto do público. É ali, no encontro entre a massa e os DJs (estrelas no Recife, mas pouco conhecidos em São Paulo), que se explica o sucesso da Sem Loção. Enquanto Original DJ Copy apresenta remixes pouco ortodoxos de Michael Jackson, Kanye West ou Daft Punk com electro e house, Lala K põe todo mundo para dançar ao som de Cazuza, Marina Lima, Sandra de Sá e muita música brega. A cada hit, o povo joga os braços para o alto, se movendo como pode no espaço abarrotado.  Lumi’s Club: R. Treze de Maio, 409, Bela Vista, tiny.cc/79rnc
É a melhor porque
tem um público sem carão e a fim de se jogar ao som de música pop e hits do cancioneiro brega nacional
Escolha do leitor
GAMBIARRA
Com uma das pistas mais animadas da cidade, a domingueira Gambiarra combina set list de música pop, clima descontraído e frequen- tadores famosos do teatro, música e cinema. Em 2010, foi a festa vencedora na categoria “Escolha do Leitor”
Open Bar Club: R. Henrique Schaumann, 794, Pinheiros, tel. 3104-9103, gambiarraafesta.com.br
FESTA COM KARAOKÊ
Isto Não É Um Karaokê
Idealizada pelo diretor de arte e músico Ricardo Athayde, a Isto Não É Um Karaokê não é uma festa comum. A disputada noite de quarta do Bar Secreto dispensa o playback eletrônico e as letras de músicas na tela. Em vez disso, há uma banda – formada por Carlos H (baixo), Fil (guitarra) e pelo próprio Athayde (bateria) – à disposição do vocalista da vez, que escolhe uma entre 80 canções pré-ensaiadas. Em pouco tempo, a balada virou uma das mais procuradas do clube, conhecido por receber artistas internacionais em momentos de descontração, após seus shows em São Paulo. E mesmo eles não estão livres do risco de passar vergonha (e se divertir com isso). Quando veio à cidade com a turnê U2 360º, em abril, Bono Vox deu um pulo na festa e desafinou cantando “Psycho killer”, do Talking Heads. Já o guitarrista The Edge, seu colega no grupo irlandês, saiu do tom várias vezes em “Miss you”, dos Rolling Stones. R. Álvaro anes, 97, Pinheiros, sitedobar.com.

FESTA DE MÚSICA BRASILEIRA
Santo Forte
Segundo um ex-colega de classe, Artur de Moraes Batusanschi era um músico empolgado, mas de talento apenas mediano, nos tempos do Colégio Equipe. Talvez por isso ele tenha deixado os instrumentos de lado para se dedicar à carreira de psicólogo, educador e pesquisador musical. Hoje, Artur é conhecido como Tutu Moraes, o DJ no comando da bem-sucedida Santo Forte. A festa tem longas filas, mas as cerca de 1.200 pessoas que passam quinzenalmente pelo grande salão do Estúdio Emme não parecem se importar. O set list é exclusivamente de música brasileira. Formado pelo povo das artes, teatro e cinema, o público dança em estado de êxtase ao som de artistas consagrados da MPB e também de gravações raras de ritmos folclóricos e de pontos de umbanda e candomblé. A balada começou em 2005, apenas para amigos, num casarão na Rua Minas Gerais, em Higienópolis. Com o sucesso e a chegada de novos adeptos, a festa se transferiu para o Espaço Zé Presidente, em Pinheiros. Desde o aniversário de 5 anos, em outubro de 2010, o terreiro é montado no Estúdio Emme, onde rola com louvor até o sol raiar.  Estúdio Emme: R. Pedroso de Morais, 1.036, Pinheiros, tel. 3031-3290, tiny.cc/bo7pj

FESTA COM CLIMA DE CABARÉ
Cabaret Revoltaire
Nos últimos anos, um grande número de baladas e festas paulistanas passou a flertar com a temática dos cabarés, adotando como mote o espírito efervescente das casas noturnas surgidas em Paris, no fim do século 19. Entre elas está a Cabaret Revoltaire, que quinzenalmente ocupa as terças-feiras do Beat Club, na Rua Augusta (o nome faz trocadilho com o Cabaret Voltaire, que reunia a vanguarda dadaísta em Zurique, na década de 1910, e existe até hoje). O encontro paulistano começou na casa da poeta Isadora Krieger, em 2008, e teve uma temporada no Gorila Café, nos Jardins, antes de pousar no endereço atual. Formado por poetas, músicos e artistas em geral, o público ocupa o primeiro andar, acomodando-se sobre tapetes no chão ou encostando-se nos balcões, enquanto assiste a declamações de poemas, teatro de bonecos e apresentações de dança burlesca (performances de sexualidade teatral), com trilha sonora criada simultaneamente pelo multi-instrumentista Pedro Zopelar. No segundo piso, escritores tentam vender seus livros publicados em edições independentes, e desenhistas aproveitam as sessões gratuitas de nu artístico com modelos vivos. A partir de 1h30, todos se reúnem na pista para dançar ao som dos sets de Marco Biglia e Isadora Krieger.  Beat Club: R. Augusta, 625, Consolação, tel. 3255-0804, tiny.cc/rk6fv

MATINÊ
Green Sunset
Os principais museus de Nova York promovem festas para fidelizar a parcela jovem da população. A MoMa Warm Up PS1, por exemplo, é realizada durante o verão há 14 anos. A onda chegou a São Paulo pelas mãos do produtor cultural Marcos Guzman, que estudou direção de arte na NYU. Sem periodicidade definida, mas com um público fiel que acompanha a programação via redes sociais, a Green Sunset ocupa o parque-jardim modernista do Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), projetado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, e o salão social do vizinho Museu da Imagem e do Som (MIS), sempre com sets de DJs internacionais. Nas últimas edições, passaram por lá o francês Joakim, os alemães Lopazz e Isolée e o britânico Sam Shepherd, entre outros. O DJ alemão de techno, disco e house Justus Köhncke é a atração de setembro (dia 10). A cabine fica sob a parte final da marquise do MIS, enquanto os frequentadores se espalham pelo pátio, as escadarias e os gramados do MuBE. Em agosto, a festa, antes gratuita, começou a cobrar R$ 10 de entrada. Ganhou, em contrapartida, banheiros químicos, novos bares e barracas com lanches naturais.  MIS: Av. Europa, 158, Jardim Europa, tel. 2117-4777, mis-sp.org.br

CASA NOTURNA
Lions Nightclub
Inaugurado em janeiro de 2010 pelos sócios Facundo Guerra, José Tibiriçá, Augusto de Arruda Botelho e Cacá Ribeiro, o Lions Nightclub causou certo estranhamento inicial com sua proposta um pouco antipática: a de ser um clube com carteirinha e acesso privilegiado, sem filas, para membros exclusivos, que teriam passe livre para até quatro acompanhantes por mês. Passada a novidade, o clube da Brigadeiro Luís Antônio (a menos de mil metros de onde ficava o extinto Club B.A.S.E., que reunia o povo da moda no final dos anos 1990) acabou se transformando num influente microcosmo da noite paulistana. O mote inspirado num clube de cavalheiros, de ar solene, e a decoração vintage com animais empalhados foram posteriormente reproduzidos por casas como The Society e Beat Club – ambas abertas em maio deste ano, na Rua Augusta. Já a pista 3D, com efeitos de luz e reflexo infinito nas paredes, e o amplo terraço que dá vista para a Catedral da Sé (e acomoda fumantes sem desconforto) encontraram paralelo apenas dez meses depois, após a conclusão da reforma da D-Edge, na Barra Funda. O pioneirismo se combina com uma programação musical afinada, que contempla várias vertentes. Ao longo do último ano, estiveram no Lions o duo eletrônico vanguardista escocês Optimo e a cantora Lovefoxxx (na festa gay Ultralions), o roqueiro Marky Ramone (na descolada Six Degrees) e o DJ e produtor Nu-Mark, ex-membro da banda de hip hop americana Jurassic 5 (na desencanada Groovelicious). Nos últimos meses, o grupo de sócios se uniu a novos produtores, lançou a sensual Machete (festa de música latina dançante) e encaixou na programação a Posh!, balada underground que rolava no Bar do Netão, na Augusta. Uma combinação criativa e plural que é a cara da noite de São Paulo.  Av. Brig. Luís Antônio, 277, República, tel. 3104-7157, lionsnightclub.com.br
É o melhor porque
É um microcosmo da noite paulistana, antecipando tendências de decór e programação musical

PISTA 3D Tecnologia de ponta para receber atrações da vanguarda mundial e do underground paulistano. Foto: Sidney Tuma/Época SP
Escolha do leitor
WOOD’S BAR
(leia texto abaixo)
BALADA DE LUXO
Dorothy Parker
As casas noturnas destinadas ao público A+ seguem uma receita quase sempre igual: valor exorbitante de entrada, aparelhagem de som moderna sob o comando de DJs de house ou black music, impressionantes telões de leds e velas pirotécnicas espetadas no topo de cada garrafa de champanhe vendida. A Dorothy Parker foge um pouco desse clichê. Sem equipamentos superpotentes ou telões de alta resolução (aqui, as imagens criadas pelo VJ André Arruda são projetadas numa parede de tijolo à vista), a balada ocupa um casarão na Rua Lorena, nos Jardins, com decoração inspirada em um cabaré. Luminárias de época e espelhos trincados, com molduras douradas, compõem parte do ambiente, produzindo uma calculada atmosfera de resplendor e decadência. Os clientes aproveitam o relativo sossego da antessala para bebericar, antes de descerem as escadas rumo à pista, onde é possível ouvir desde “Exagerado”, de Cazuza, até “New York, New York”, com Frank Sinatra, passando por indie rock, electro e new wave. Às sextas-feiras rola a festa mensal Girls Just Wanna Have Fun, quando os toca-discos são reservados exclusivamente para mulheres. Nos sábados, os DJs Magal, Tibira Cane e Focka se encarregam da trilha sonora para a performance burlesca da dançarina Sweetie Bird. E a matinê de domingo é voltada ao público gay.  Al. Lorena, 2.119, Jardim Paulista, tel. 3081-6126, dorothyparker.com.br

BALADA DE SERTANEJO UNIVERSITÁRIO
Wood’s Bar
A eleição da Wood’s como melhor casa noturna da cidade na escolha do leitor – desbancando Lions, D-Edge e outros pesos-pesados – é um indício do sucesso do sertanejo universitário. Com mezanino, piso de cimento queimado, paredes revestidas de madeira e capacidade para 900 pessoas, o clube combina estrutura de balada de luxo e shows de atrações do porte de Luan Santana, Victor & Leo, Jorge & Mateus e Fernando & Sorocaba – este último é sócio da casa, que tem matriz em Curitiba e outra filial em Balneário Camboriú. Formado por jovens na faixa dos 20 e poucos anos, o público dispensa os chapéus de caubói, mas canta em coro os sucessos do gênero, ensaiando passinhos em meio ao clima de festa no interior.  R. Quatá, 1.016, Vila Olímpia, tel. 3849-6868, woodsbar.com.br

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