sexta-feira, 15 de junho de 2012


Guia do Fim de Semana

O Teatro da Vertigem vai guiar espectadores pelo Bom Retiro, enquanto os Titãs sacodem o Credicard Hall com Cabeçca Dinossauro. Veja mais estreias

CINEMACRIANÇASCULTURAEXPOSIÇÃOMÚSICATEATRO - - 15/06/2012


A atriz francesa Laetitia Augustin-Viguier vive várias personagens da peça encenada nas ruas do Bom Retiro (Foto: Flavio Morbach Portella / Divulgação)
TEATRO
Por Maria Fernanda Vomero

BOM RETIRO 958 METROS
Quando cai a noite, as concorridas lojas populares fecham suas portas, o fluxo de transeuntes diminui e o Bom Retiro ganha outra cara. Dá para notar as rodinhas de coreanos aqui e ali, um ou outro boliviano que caminha pelas vias silenciosas, moradores de rua em busca de uma soleira para dormir e idosos conversando na entrada de seus sobrados. A sensação é de que todos conhecem os segredos escondidos atrás das vitrines, dos velhos edifícios e das janelas à meia-luz, mas não podem revelá-los.
Em busca dessas histórias ocultas, o paulistano Teatro da Vertigem adiciona as ruas do bairro multiétnico à sua lista de palcos incomuns – da qual fazem parte uma igreja (em O paraíso perdido, 1992), um hospital (O livro de Jó, 1995) e um presídio (Apocalipse 1, 11, 2000) desativados, além de um barco navegando no Tietê (BR-3, 2006) e andaimes suspensos no Sesc Paulista (Kastelo, 2010). Do Lombroso Fashion Mall a um teatro abandonado, Bom Retiro 958 metros conduz o público numa caminhada envolta pela crítica social e pelo delírio.
Ao longo do trajeto, surgem os personagens criados por meio de um processo colaborativo entre os atores, o diretor Antônio Araújo e o dramaturgo Joca Reiners Terron. Há desde uma desconfiada e misteriosa mulher, que alude aos imigrantes judeus estabelecidos na região, até os consumidores de crack, instalados mais recentemente. Como de hábito, o uso de espaços não convencionais para a criação cênica traz riscos. Às vezes, o ritmo se perde ou certas cenas acabam não se resolvendo. Ainda assim, o resultado é um espetáculo provocador – e necessário. BOM RETIRO 958 METROS De 15/6 a 30/9, qui. a sáb. 21h; dom. 19h (recomenda-se chegar 15 min. antes para ir até o ponto de partida). Oficina Oswald de Andrade: R. Três Rios, 363, Bom Retiro, tel. 3255-2713. Gênero: drama. Duração: 110 min. Classificação: 16 anos. Ingressos (só antecipados): R$ 30. Onde comprar: com taxa pelo 4003-5588 ou pelo ticketsforfun.com.br.

Juliana Fagundes, Beto Magnani e Thais Aguiar em cena de A Borboleta Azul (Foto: Beto Magnani, Juliana Fagundes e, no alto, Thais Aguiar: sertanejos em época e lugar imprecisos foto: Lenise Pinheiro / Divulgação)
BORBOLETAS NO SERTÃO
A época é indefinida e a geografia, imprecisa; sabemos apenas que o lugarejo onde se encontra a pensão de Cora (Juliana Fagundes) e sua filha Belbelita (Thais Aguiar) será inundado pelas águas de uma represa. Os demais moradores já partiram, mas as duas mulheres permanecem ali, à espera do retorno incerto de José, filho de Cora, vendido a estranhos quando tinha 8 anos. Nesses anos todos, Belbelita cultiva um jardim na esperança de que as flores atraiam borboletas azuis para sua coleção. A rotina delas muda com a chegada de Rafael (Beto Magnani), um viajante interessado em comprar as terras próximas à futura hidrelétrica. Intimista, poética e, ao mesmo tempo, melodramática, Borboleta azul aborda o universo mítico do Brasil sertanejo. Trata-se da nova montagem da Cia. Pessoal do Faroeste, que antes, em Cine Camaleão – A boca do lixo, havia retratado a efervescência cinematográfica dos anos 1970 na Rua do Triunfo, onde hoje a sede do grupo convive pacificamente com o degradado entorno da Cracolândia. O diretor Paulo Farias optou pela simplicidade – da sonoplastia sem artifícios à iluminação com velas e lampiões – para ressaltar a sensação de angústia e expectativa que cerca as duas mulheres. BORBOLETA AZUL De 14/6 a 1º/9, qui. e sex. 19h; sáb. 21h30. Sede Luz do Faroeste: R. do Triunfo, 301, República, t Luz, tel. 3362-8883. Gênero: drama. Duração: 60 min. Classificação: 16 anos. Ingressos: o espectador define quanto quer pagar (reservas por telefone custam R$ 30).

Titãs: trajetória da banda aparece no show, que inclui clássicos de Cabeça Dinossauro (Foto: Divulgação)
SHOWS
Por Julio Caldeira

TITÃS
Os Titãs eram uma banda new wave divertida, mas que ninguém levava muito a sério, quando em 1986 lançaram seu terceiro disco de estúdio, o hoje clássico Cabeça dinossauro. Produzido após a breve prisão do guitarrista Tony Bellotto e do vocalista Arnaldo Antunes por porte de heroína, o disco soava agressivo graças às letras críticas e à sonoridade punk. Dele fazem parte, por exemplo, os hits “Polícia”, “Igreja”, “Bichos escrotos” e “Homem primata”. Para comemorar os 26 anos do disco e os 30 de carreira da banda, os remanescentes do octeto original (Branco Mello, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Bellotto) recriam as 13 faixas do álbum. Na segunda parte, os Titãs recuperam sucessos de outros álbuns, a exemplo de “Lugar nenhum” e “Flores”. Dia 16/6, qui. 22h. Credicard Hall: Av. das Nações Unidas, 17.955, Santo Amaro, tel. 4003-5588. Classificação: 14 anos. Ingressos: R$ 40 a R$ 100. Crédito: A/D/M/V. Débito: M/R/V. Onde comprar: no Credicard Hall (seg. a dom. 12h/20h); com taxa pelo tel. 4003-5588 ou pelo site ticketsforfun.com.br.
O cantor e compositor Arnaldo Antunes no Show Acústico MTV (Foto: Divulgação)
ARNALDO ANTUNES
O cantor e compositor paulistano divulga seus CD e DVD da infindável série Acústico MTV. No repertório, canções menos roqueiras de sua carreira solo e uma mais pesada dos tempos em que fazia parte dos Titãs – “Fora de si”, em versão mais suave no formato acústico. Há espaço ainda para duas novas composições: “Ligado a você” e “Dentro de um sonho”. Arnaldo fica quase o tempo todo sentado, na companhia de um excelente time de músicos: Edgard Scandurra (violão), Marcelo Jeneci (teclado), Curumim (bateria), Chico Salém (violão) e Betão Aguiar (baixo). Até De 14 a 23/6, qui. a sáb. 21h30. Sesc Belenzinho: R. Padre Adelino, 1.000, tel. 2076-9700. Classificação: 18 anos. Ingressos: R$ 10 (trabalhadores de comércio ou de serviço matriculados) a R$ 40. Crédito: A/D/M/V. Débito: M/R/V. Onde comprar: no Sesc Belenzinho (ter. a sáb. 9h/21h; dom. 9h/19) e nas demais unidades do Sesc.

EXPOSIÇÕES
Por Maria Fernanda Vomero

OSWALDO GOELDI: SOMBRIA LUZ
Enquanto boa parte dos artistas do modernismo brasileiro retratava temas superficiais de um país solar e exuberante do ponto de vista natural, o expressionista Oswaldo Goeldi (1895-1961) lançava um olhar original para a brasilidade em seus desenhos e xilogravuras. Suas obras revelam a desolação e a solidão do ambiente urbano, bem longe de qualquer sentimentalismo. A mostra Oswaldo Goeldi: Sombria luz reúne 200 desses trabalhos segundo afinidades plásticas e temáticas. Nascido no Rio de Janeiro e filho de um naturalista suíço, o introspectivo Goeldi passou parte da infância em Belém, no Pará; a adolescência e a juventude na Suíça (terra natal de seu pai, o naturalista Emilio Goeldi); e voltou ao Rio em 1919. Aos poucos, ele foi se firmando como um dos grandes ilustradores e gravadores do país. O universo permeado pelo desamparo e pela perplexidade está presente tanto nos trabalhos em nanquim quanto na mais importante peça da exposição, a emblemática xilogravura Chuva (1957). Há também uma reconstituição do ateliê que Goeldi mantinha em seu apartamento, na qual ficam expostos objetos pessoais do artista. OSWALDO GOELDI: SOMBRIA LUZ De 15/06 a 19/08, ter. a dom. 10h/17h30. Museu de Arte Moderna de São Paulo: Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 3, Parque do Ibirapuera, tel. 5085-1300. Ingressos: R$ 5,50 (grátis aos domingos e todos os dias para crianças até 10 anos e pessoas com mais de 65 anos).

KARIN LAMBRECHT: CORES, PALAVRAS E CRUZES
Tempo e matéria são questionamentos que permeiam os trabalhos da gaúcha Karin Lambrecht, artista da chamada Geração 80 (objeto de uma sala especial na Bienal de São Paulo em 2002). Em sua terceira exposição individual na galeria, Karin apresenta 30 pinturas e desenhos realizados entre 2009 e 2012. Neles, a figura da cruz é recorrente, assim como o uso de palavras. Trata-se de obras que fazem um uso intenso das cores – dissonantes em alguns momentos, harmônicas em outros. A artista consegue efeitos pictóricos singulares, produzindo as próprias tintas a partir de pigmentos de origens variadas. De 16/6 a 21/7, seg. a sex. 10h/19h; sáb. 11h/15h. Galeria Nara Roesler: Av. Europa, 655, Jardins, tel. 3063-2344. Grátis.

Minie e Mickey, a família Fantástico e muitos outros personagens da Disney patinando sobre o gelo (Foto: Divulgação)
CRIANÇAS
Por Maria Fernanda Vomero

DISNEY ON ICE – 100 ANOS DE MAGIA
A pista de gelo serve de palco para um espetáculo do qual participam 65 personagens célebres extraídos de 18 histórias produzidas pela Disney. Todas as coreografias são apresentadas sobre patins. Do roteiro constam tanto esquetes inéditos quanto recriações de cenas clássicas das animações da grife, acompanhadas por suas respectivas canções. Mickey e Minnie Mouse são os anfitriões desse universo de fantasia, do qual fazem parte as turmas de Pinóquio, O Rei Leão, A Bela e a Fera e Toy Story, entre outros.Dia 15, sex. 10h30, 15h30 e 20h; dia 16, sáb. 11h, 15h e 19h; dias 17 e 18, sáb. e dom. 11h, 15h e 19h; dias 19 e 20, ter. e qua. 20h; dias 21 e 22, qui. e sex. 15h e 20h; dias 23 e 24, sáb. e dom. 11h, 15h e 19h. Ginásio do Ibirapuera. R. Manuel da Nóbrega, 1.361, Paraíso, tel. 3887-3500. Classificação: livre. Duração: 100 min. (mais 20 min. de intervalo). Ingressos:R$ 50 a R$ 200. Onde comprar: com taxa pelo 4003-5588 ou pelo ticketsforfun.com.br.

A atriz Liv Ullman em cena do filme Gritos e Sussurros, de Ingmar Bergman (Foto: IMDB)
CINEMA
Por Alex Xavier

MOSTRA INGMAR BERGMAN
Falecido em 2007, aos 89 anos, o cineasta sueco Ingmar Bergman é considerado um mestre por diretores como Woody Allen e Jean-Luc Godard. Influenciada pela literatura e pelo teatro, sua obra levanta questões existenciais, principalmente sobre a morte e a solidão. O CCBB promove uma retrospectiva com 51 filmes, entre longas e curtas, alem de documentários sobre o trabalho do homenageado. Constam das retrospectivas clássicos como Morangos silvestres (1957), ganhador do Urso de Ouro em Berlim; Cenas de um casamento (1973); Gritos e sussurros (1972), O sétimo selo (1957), Prêmio do Júri em Cannes; e Fanny e Alexander (1984), vencedor de quatro Oscar. Confira a programação completa no site mostraingmarbergman.com.br. Até a 15/7, qua. a dom. Centro Cultural Banco do Brasil: R. Álvares Penteado, 112, Sé, tel. 3113-3651. Ingressos: R$ 4. e (R$ 15 na R. da Consolação, 228; uma van leva os clientes até o CCBB.)
O alien de Prometheus: "primo" do outro que ficou famoso ao lado de Sigourney Weaver (Foto: Divulgação)
PROMETHEUS
Prometheus retoma o universo do clássico Alien – O oitavo passageiro com uma trama passada 30 anos antes. O anúncio de que o inglês Ridley Scott estava envolvido em um novo projeto da série hollywoodianaAlien deixou muitos fãs de ficção científica em êxtase. Afinal, seria o retorno do diretor de Alien – O oitavo passageiro (1979) à franquia que havia criado inadvertidamente – ele não esteve envolvido nas três continuações nem nos dois horríveis episódios da série derivada Alien vs. Predador.
Para surpresa geral, porém, o próprio Scott anunciou que Prometheus não é um prelúdio do filme de 1979, no qual a tenente Ripley (Sigourney Weaver) enfrentava um monstrengo alienígena a bordo de uma nave espacial. Trata-se do mesmo universo, mas a ação se passa três décadas antes, com uma nova geração de alienígenas, capazes de assumir até quatro formas – todas concebidas pelo designer H. R. Giger, responsável pela criatura original. Ao investigar similaridades entre antigas civilizações em pontos distintos da Terra, a cientista Elizabeth Shaw (Noomi Repace) descobre sinais de vida inteligente fora do planeta.
Disposta a decifrar o enigma, ela se junta a uma desbravadora missão espacial. Na nave também estão Michael Fassbender (Shame), como um androide, e Charlize Theron (Branca de Neve e o Caçador), na pele de uma fria executiva. Guy Pearce (Amnésia) faz o poderoso empresário que financia o projeto. Entre as sutis referências a Alien – O oitavo passageiro, anuncia-se a aparição do “space jockey” – nome pelo qual ficou conhecido o fóssil do extraterrestre de 8 metros que Ripley e seus companheiros encontravam no começo da primeira aventura da saga. Prometheus será exibido em cópias normais e 3D. PROMETHEUS (EUA, 2012). Gênero: ficção científica. Duração: 124 min.

Johnny Depp é o vampiro Barnabas Collins em Sombras da Noite: choque cultural nos anos 1970 (Foto: Divulgação)
E VEM AÍ…
SOMBRAS DA NOITE
O astro Johnny Depp e o cineasta Tim Burton conduzem esta 13ª parceria no modo piloto-automático. Foi o ator quem propôs ao amigo adaptar para o cinema o seriado Sombras tenebrosas, exibido entre 1966 e 1971. No início uma novelinha sobre os mistérios de uma rica família, o programa ganhou popularidade, meses depois, ao introduzir elementos de terror. Um ano após a estreia, entrava em cena aquele que se tornaria seu personagem mais memorável, o vampiro Barnabas Collins, vivido por Jonathan Frid. É esse, claro, o papel desempenhado por Depp na versão cinematográfica. No século XVIII, a bruxa Angelique (Eva Green, de 007 – Cassino Royale) o transforma num morto-vivo sugador de sangue. Preso em um caixão, Collins só escapa em 1972. Num mundo que não mais conhece, ele volta à sua mansão, onde encontra seus descendentes. O elenco inclui Michelle Pfeiffer como a matriarca, Chloë Grace Moretz (Kick-Ass – Quebrando tudo) no papel da filha adolescente e Helena Bonham Carter (O discurso do rei) vivendo a psiquiatra da família. A produção segue o caprichado padrão gótico de Burton. Infelizmente, o fraco roteiro não consegue sequer explorar direito o choque cultural entre o antiquado protagonista e os loucos anos 1970. (Dark shadows, EUA, 2012). Gênero: comédia de horror. Duração: 113 min. Estreia dia 22/6.

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