quinta-feira, 7 de junho de 2012


Guia do Fim de Semana Prolongado

No feriado dá para curtir cinco filmes, shows de jazz na faixa, exposições de fotos e teatro de bonecos

CINEMACRIANÇASCULTURAMÚSICATEATRO - - 06/06/2012

CINEMA
por Alex Xavier

Ótimos atores se digladiam sob a direção de Polanski em Deus da carnificina, inteiramente passado num apartamento (Foto: Divulgação)

Riso e tensão entre quatro paredes

Quando se adapta ao cinema uma peça com altas doses de verborragia e transcorrida num único cenário, são grandes as chances de o resultado parecer teatro filmado. Não é o que ocorre com a comédia de humor negro Deus da carnificina, baseada na peça Le Dieu du carnage (2006), da francesa Yasmina Reza. A direção ficou a cargo do franco-polonês Roman Polanski, que sabe muito bem onde posicionar sua câmera e quando movê-la, mesmo em espaços restritos – vide Repulsa ao sexo (1965), O bebê de Rosemary (1968) e O inquilino (1976). Na nova produção, ele se aproveita das muitas reviravoltas do ácido texto original para fazer o espectador rir de nervoso. A única cena externa mostra de longe dois meninos discutindo num parque. Então, um deles acerta o outro com um pedaço de pau. O episódio leva os casais de pais das crianças a se encontrar para resolver a questão de modo civilizado. Do lado da vítima, estão a irritantemente protetora Penélope (Jodie Foster) e o macho grosseirão Michael (John C. Reilly).
Os pais do agressor são a falsa sonsa Nancy (Kate Winslet) e o cínico e egocêntrico Alan (Christoph Waltz, de Bastardos inglórios). Com a ação transcorrida em tempo real, a quase uma hora e meia do filme corresponde aos minutos que os quatro levam para perder por completo a compostura. A cada instante, um dos personagens é jogado no banco dos réus e humilhado pelos outros três. Polanski, que não pode pisar nos Estados Unidos devido à acusação de haver estuprado uma adolescente nos anos 1970, recriou num estúdio em Paris um típico apartamento do Brooklyn. Livre desde julho de 2010 da prisão domiciliar que cumpriu por sete meses enquanto a Justiça da Suíça decidia se o extraditava ou não para a América, o cineasta faz uma rápida aparição, no papel de um vizinho.  DEUS DA CARNIFICINA **** (Carnage, França/Alemanha/Polônia/Espanha, 2012). Gênero: comédia de humor negro. Duração: 80 min. Estreia dia 7/6.

Smith tem 18 anos, paquera seu colega de quarto bonitão, mas também curte garotas como a moderninha London (Foto: Divulgação)

KABOOM
Representante do novo cinema independente americano, o diretor Gregg Araki (Mistérios da carne) gosta de personagens perturbados e marginalizados. Seu filmes costumam misturar cultura pop, psicodelia, liberdade sexual e excessos estéticos. Dessa vez, ele se arrisca no terreno da ficção científica. Trata-se de seu primeiro trabalho com câmeras digitais de alta definição, que criam um visual extremamente colorido para mergulhar o espectador no estranho universo do protagonista. Smith (Thomas Dekker) tem 18 anos, paquera seu colega de quarto bonitão (Chris Zylka, da série The secret circle), mas também curte garotas como a moderninha London (Juno Temple). Uma noite, sob efeito de alucinógenos, o rapaz presencia o assassinato de uma ruiva. Sem ter muita certeza do que viu, ele sai em busca da verdade e acaba esbarrando em bizzaras situações. (Kaboom, EUA/França, 2010). Gênero: comédia de ficção científica. Duração: 86 min. Estreia dia 7/6.

Os animais fugidos do zoo de NY se juntam a uma trupe de circo em excursão pelo Velho Continente (Foto: Divulgação)


MADAGASCAR 3: OS PROCURADOS 
Codiretor das duas primeiras animações da série produzida pelo estúdio Dreamworks, Eric Darnell assume sozinho o comando deste terceiro episódio. A trama toma um caminho bastante comum em sequências: leva os personagens para a Europa, como a Pixar fez em Carros 2. Depois de duas aventuras africanas, os animais foragidos do zoológico de Nova York desembarcam na Riviera Francesa (o que talvez explique a presença do desenho na programação da mais recente edição do Festival de Cannes, em maio). Ainda tentando voltar para os Estados Unidos, o leão Alex (dublado por Ben Stiller, no original), a zebra Marty (Chris Rock), a girafa Melman (David Schwimmer) e a hipopótamo Gloria (Jada Pinkett Smith) se juntam a uma trupe de circo em excursão pelo Velho Continente. Também seguem com eles os psicóticos pinguins e os festeiros lêmures. As novas vozes incluem a americana Frances McDormand (Queime depois de ler) e a espanhola Paz Vega (Espanglês). (Madagascar 3: Europe’s most wanted, EUA, 2012). Gênero: animação. Duração: 85 min. Estreia dia 7/6.

Channing Tatum tenta fugir do estereótipo de ator de filmes de ação com a comédia romântica Para Sempre (Foto: Divulgação)

PARA SEMPRE 
Channing Tatum vem tentando mostrar versatilidade, num provável esforço para não ficar rotulado como ator de filme de ação. Depois da comédia Anjos da lei, ele estrela este romance água com açúcar. Inspirado em um caso real, o filme mostra os problemas enfrentados pelo jovem casal Leo (Tatum) e Paige (Rachel McAdams) após um acidente de carro. Quando desperta do coma, ela sofre de perda de memória recente e não consegue se lembrar de seus últimos anos. O marido lhe parece um estranho e Paige tampouco se lembra do motivo que a levou a se afastar dos pais (vividos pelos veteranos Sam Neill e Jessica Lange). Para piorar, ela reencontra o ex-noivo, Jeremy (Scott Speedman, de Underworld), de quem ainda se sente muito próxima. Enquanto isso, Leo faz de tudo para reconquistar a amada e salvar seu casamento. A direção é do novato Michael Sucsy, com o Brasil entre os países envolvido na coprodução. (The Vow, EUA/Brasil/França/Austrália/Inglaterra/Alemanha, 2012). Gênero: drama romântico. Duração: 104 min. Estreia dia 7/6.


O retorno do diretor de Alien – O oitavo passageiro pode ser visto em 3D (Foto: Divulgação)

Uma nova fronteira para os aliens 
Prometheus retoma o universo do clássico Alien – O oitavo passageiro com uma trama passada 30 anos antes. O anúncio de que o inglês Ridley Scott estava envolvido em um novo projeto da série holly-woodiana Alien deixou muitos fãs de ficção científica em êxtase. Afinal, seria o retorno do diretor de Alien – O oitavo passageiro (1979) à franquia que havia criado inadvertidamente – ele não esteve envolvido nas três continuações nem nos dois horríveis episódios da série derivada Alien vs. Predador. Para surpresa geral, porém, o próprio Scott anunciou que Prometheus não é um prelúdio do filme de 1979, no qual a tenente Ripley (Sigourney Weaver) enfrentava um monstrengo alienígena a bordo de uma nave espacial. Trata-se do mesmo universo, mas a ação se passa três décadas antes, com uma nova geração de alienígenas, capazes de assumir até quatro formas – todas concebidas pelo designer H. R. Giger, responsável pela criatura original. Ao investigar similaridades entre antigas civilizações em pontos distintos da Terra, a cientista Elizabeth Shaw (Noomi Repace) descobre sinais de vida inteligente fora do planeta. Disposta a decifrar o enigma, ela se junta a uma desbravadora missão espacial. Na nave também estão Michael Fassbender (Shame), como um andróide, e Charlize Theron (Jovens adultos), na pele de uma fria executiva. Guy Pearce (Amnésia) faz o poderoso empresário que financia o projeto. Entre as sutis referências a Alien – O oitavo passageiro, anuncia-se a aparição do “space jockey” – nome pelo qual ficou conhecido o fóssil do extraterrestre de 8 metros que Ripley e seus companheiros encontravam no começo da primeira aventura da saga. Prometheus será exibido em cópias normais e 3D. PROMETHEUS (EUA, 2012). Gênero: ficção científica. Duração: 124 min. Estreia dia 8/6.


CRIANÇAS
por Maria Fernanda Vomero
Um valente coveiro enfrenta assombrações em Histórias do Caixão do Zé (Foto: Divulgação)
Lições sem moralismo
Montagens da Cia. Polichinelo, de Araraquara, lançam mão de divertidos bonecos para discutir temas como morte, medo e solidariedade
Longe da Chapeuzinho, o Lobo Mau decide livrar-se da pecha de vilão e tenta convencer a todos que agiu com a melhor das intenções. Com uma única apresentação de A verdadeira história do Lobo Mau (dia 7, quinta 12h), a Cia. Polichinelo, sediada em Araraquara, dá início a uma mostra de repertório no Sesc Pompeia. O grupo, que há 15 anos se dedica ao teatro de animação, é conhecido pelo uso da bunraku, técnica japonesa de manipulação direta dos bonecos. Criadas ou adaptadas pelo diretor Márcio Pontes, as tramas abordam temas importantes com leveza e bom humor. Histórias do caixão do Zé (dias 16 e 17/6 e dias 30/6 e 1º/7, sáb. e dom. 12h), por exemplo, gira em torno do medo. O protagonista, que vive dentro de um caixão no cemitério, adora assustar quem ousa invadir seu território. E ele não poupará assombrações para afugentar um coveiro recém-contratado. Pequenos gestos (dias 23 e 24/6, sáb. e dom. 12), por sua vez, recorre a um incêndio numa floresta, que surpreende a todos os bichos do lugar, para tratar de solidariedade. CIA. POLICHINELO Classificação: livre. Duração: 50 min. (cada peça). Sesc Pompeia: R. Clélia, 93, tel. 3871-7700. Ingressos: R$ 2 (trabalhadores de comércio ou de serviço matriculados) a R$ 8. Crédito: A/D/M/V. Débito: M/R/V. Onde comprar: no Sesc Pompeia (ter. a sáb. 9h/21h, dom. 9h/19) e nas demais unidades do Sesc.


EXPOSIÇÕES
por Maria Fernanda Vomero


Fotógrafa passou dois anos na segunda maior favela de São Paulo (Foto: Divulgação)
PARAISÓPOLIS, UMA CIDADE DENTRO DA OUTRA
Os caminhos estreitos e os ambientes intercalados da exposição simulam os becos e as moradias do Grotinho, parte da comunidade de Paraisópolis, no bairro do Morumbi. Durante dois anos, a fotógrafa Renata Castello Branco percorreu as ruelas de uma das maiores favelas de São Paulo e visitou centenas de casas a fim de retratar o interior delas. O resultado são 95 imagens, com apuro estético e olhar sensível da fotógrafa, que em 2008 já tinha lançado um livro com o registro do dia a dia na comunidade de Heliópolis. Além das fotografias, há seis televisores transmitindo depoimentos de moradores e da equipe do projeto. De 6/6 a 29/07, ter. a sáb. 9h30/21h; dom. 10h/20h. Sesc Pompeia: R. Clélia, 93, tel. 3871-7700. Grátis.

O encontro entre médicos da Escola Paulista de Medicina e os índios do Xingu são retratados desde 1965 (Foto: Divulgação)
SACRALIDADE DA VIDA
O contato entre os índios do Parque Indígena do Xingu, no noroeste de Mato Grosso, e os profissionais da Escola Paulista de Medicina tem resultado num rico intercâmbio cultural desde o primeiro encontro, em 1965. Parte do acervo de imagens e objetos reunidos durante esse período integram esta exposição, que tem o subtítulo de Índios do Xingu e médicos da Escola Paulista de Medicina. São 97 fotografias do trabalho de campo dos médicos e os hábitos e rituais das tribos que habitam o parque. No centro da sala, há 32 artefatos típicos, como o tronco kuarup, cocares, brincos e remos. De 6/6 a 1º/7, ter. a dom. 10h/19h. Museu Brasileiro da Escultura (MuBE): Av. Europa, 218, Jardim Europa, tel. 2594-2601. Grátis.


SHOWS
por Julio  Caldeira
O saxofonista Maceo Parker leva seus convidados para show no Ibirapuera aberto ao publico (Foto: Divulgação)
Os bons companheiros
BMW Festival traz músicos célebres por terem acompanhado grandes nomes do jazz – e do funk, do soul, do rock. Uma entre as muitas credenciais do saxofonista americano Maceo Parker consiste em haver tocado com James Brown de 1964 a 1970. Após um breve retorno à banda do papa da soul music em 1974, uniu-se no ano seguinte ao coletivo Parliament-Funkadelic, que acompanhava George Clinton. No dia 9, sábado, ele sobe ao palco do Via Funchal junto do trombonista Fred Wesley e do também saxofonista Pee Wee Ellis – o trio também se apresenta no domingo, 17h, de graça no Parque do Ibirapuera. Currículos assim são moeda corrente entre as formações encarregadas de fechar cada uma das três noites desta segunda edição do BMW Jazz Festival. O evento começa no dia 8, sexta, com encerramento a cargo do projeto Corea, Clarke & White Forever, que reúne o baixista Stanley Clarke, o baterista Lenny White e o pianista Chick Corea. Vencedor de 16 prêmios Grammy, Corea fincou bandeira no terreno do jazz fusion no final dos anos 1960, quando substituiu Herbie Hancock na banda de Miles Davis. No dia 10, a principal atração é o saxofonista Charles Lloyd, que tomou parte em gravações históricas do jazzman Cannonball Adderley e dos grupos de rock Beach Boys, Doors e Canned Heat. A escalação do festival inclui ainda o trompetista Ambrose Akinmusire (cujo trabalho de estreia, When the heart emerges glistening, foi considerado o melhor álbum de jazz de 2011 pelo New York Times) e os acordeonistas brasileiros Toninho Ferragutti e Bebê Kramer, na sexta; a dupla Clayton Brothers (que também participa do show no Ibirapuera no domingo) e o prodígio Trombone Shorty no sábado; a big band canadense Darcy James Argue’s Secret Society e o trio americano Ninety Miles, no domingo. BMW JAZZ FESTIVAL De 8 a 10/6, sex. a dom. 20h30. Via Funchal: R. Funchal, 65, Vila Olímpia, tel. 3846-2300. Classificação: 14 anos. Ingressos: R$ 30 a R$ 120. Crédito: D/M/V. Débito: V. Onde comprar: no Via Funchal (seg. a dom. 12h/22h); com taxa pelo site viafunchal.com.br. m (R$ 50).

A diversidade musical é a marca da nova banda, que envereda por samba, frevo, choro e jazz (Foto: Divulgação)
PITANGA EM PÉ DE AMORA 
Flora Poppovic (voz, pandeiro, surdo e percussão), Diego Casas (violão e voz), Daniel Altman (violão e voz), Angelo Ursini (clarinete, sax, flautas e escaleta) e Gabriel Setubal (trompete, violão e voz) apresentam o repertório de seu primeiro CD, o excelente Pitanga em pé de amora (2011). A diversidade musical é a marca do trabalho, que envereda por samba, frevo, choro e jazz. Uma das canções mais aguardadas é a divertida marchinha carnavalesca que tem o nome da banda – um sucesso nas apresentações até agora não registrado em disco. Dias 6 e 7/6: qua. e qui. 22h. Tom Jazz: Av. Angélica, 2.331, Higienópolis, tel. 3255-0084. Classificação: 14 anos. Couvert artístico: R$ 50. Crédito: D/M/V. Débito: M/R/V. Onde comprar: no Tom Jazz (seg. a sex. 10h/17h); com taxa pelo tel. 4003-1212  ou pelo site ingressorapido.com.br

… E vem aí

A cantora Jennifer Lopez está no line-up do festival (Foto: Divulgação)
POP MUSIC FESTIVAL 
A cantora e dançarina americana de ascendência porto-riquenha Jennifer Lopez é o principal chamariz do evento. J.Lo deve incluir no repertório hits como “If You Had My Love”, “Ain’t Funny” e “I’m Real”. O line-up se completa com a banda nova-iorquina de punk-pop Cobra Starship, a cantora texana Kelly Clarkson (vencedora da edição de 2002 do programa American idol), o paranaense Michel Teló (dono do sucesso “Ai se eu te pego”) e o DJ carioca Memê. A noite termina com a socialite americana Paris Hilton assumindo os toca-discos. Dia 23/6: sáb. 19h. Arena Anhembi: Av. Olavo Fontoura, 1.209, Santana. Não tem telefone. Classificação: 14 anos. Ingressos: R$ 260 a R$ 540. Crédito: D/M/V. Onde comprar: no Estádio do Morumbi (seg. a dom. 10h/18h); com taxa em outros dez pontos de venda (confira a lista no site midiorama.com.br) ou pelo site livepass.com.br

TEATRO
por Maria Fernanda Vomero
A peça conta com a concepção visual e estética do renomado estilista Fause Haten (Foto: Divulgação)
TRAVESSIAS
A atriz Silvana Abreu dá seguimento à sua pesquisa sobre a dramaturgia do desejo, centrada na criação conjunta e na combinação de técnicas de teatro físico e dança. O espetáculo dirigido por ela é sobre o processo contínuo e simbólico de nascer e morrer, especialmente em situações-limite: um acidente, a descoberta de uma doença ou a perda de alguém amado. A narrativa tem por base o livro O herói de mil faces, de Joseph Campbell. De 9/6 a 8/7, sex. e sáb. 21h; dom. 19h. Tusp. R. Maria Antônia, 294, Consolação, tel. 3123-5233. Gênero: teatro-dança. Duração: 90 min. Classificação: 12 anos. Ingressos: R$ 20. Onde comprar: no Tusp, duas horas antes do espetáculo (reservas podem ser feitas pelo telefone).

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